Unidade

Ligação, conjunção,

vínculo, convergência, 

todos somos um na essência. 

Como poderia imaginar o universo separado,

sem nenhuma relação, 

sem nenhum entendimento,

sem nenhuma interação,

sem nenhuma influência 

no recôndito do espírito da existência? 


Nas ponderações mais genuínas

somos todos extensões,

todos somos ligações

da universal consciência. 

Se tudo é um e o um é o todo, 

existe distinção na coesão?

Na harmonia da diversidade

temos coexistência.

Atentos olhares, 

enxergas que tudo se complementa

como infinitos reflexos de uma mesma Vida, 

de uma mesma Existência? 


É nesse exato momento 

que a barreira inconsistente se rompe,

visto que é efêmera

e nem existe.

É nesse exato momento

que o amor, a doação e o mútuo auxílio

despertam um honesto sentimento.


Ar, terra, água, minerais,

seres humanos e vegetais, 

humanos seres e animais,

quão graciosa é essa unidade. 



Entremeios


O decano
abraçou a ternura
e estendeu ante às constelações
aquilo que existia oculto,
posto que sempre esteve unido.

Reconheceu, elevou
e abençoou
os sonidos dos intervalos
que ecoavam entre
os filhos da Vida eterna.

Diante do alvorecer
a conexão transbordou,
o Sol colaborou
e o encanto sustentou.

Na ocasião do poente,
a Lua fundamentou a
preciosidade do florescer,
consentiu e aprovou a unidade do crescer.

Após a sequência das circunstâncias,
os astros aclamaram
e contemplaram
a convergência imaterial
que reagruparam.

Contemplação


Essência,
mar, oceano.
Oceano de si,
oceano de todos,
ligação intangível.

A unidade,
o reconhecer
através do contato
do que já é,
sempre foi e será.

Sublimidade,
regozijo
com o que és na Realidade eterna.
Infinito,
um, dez, cem, mil no infinito.

Farol de memórias

Coração ao vento,
sinais, mistérios.
O garoto e o farol,
brisa, sopro do mar.

Infinito mundo,
sinais, mistérios.
O garoto e a imensidão.
A imensidão e o garoto.

Coração ao vento.
No farol do mar uma lembrança,
uma estrela,
estrela do mar.
O garoto soube,
sentiu.
O mar sorriu.

A imensidão do mundo
e o valor humilde da recordação.

Infância

Um garoto,
campos de arroz.
Um garoto,
reflexões inúmeras.

O garoto.
Ninguém imaginava
quantas reflexões surgiam
nos campos de arroz.

Mariposas e o garoto.
Caminhos, imensidão.
Alguém imaginava
quantas reflexões surgiam
nos campos das mariposas?

Sonhos e o garoto.
Infinito universo.
Questionamentos,
vida, destino.
Terra do nascente sol.

Transpor

Através das palavras,
os sentimentos podem ecoar pelo universo.
Sim! Novamente converso contigo,
através destes versos.

Reconheçamos que a poesia é um desafio,
mas aos poucos as palavras
conseguem uma concessão.
Não somente as palavras,
mas também as sensações que carregam.

Como é maravilhosa a expressão!
As palavras são canais da empatia.
Não devemos tolher a água
que deve verter livremente.

Magnificência

Fez-se luz, reluziu, 
externou nitidez.
Transcendeu todos
os ângulos do universo.

Vibrou. A ternura vibrou. 
Ela estava ali,
sempre esteve acolhida,
apoiada e abençoada
pelo Sol e pela Lua.

O astro transcendeu,
apurou e vivificou
a luz que sempre 
esteve presente.
Estava radiante no céu.

Verticalidade

Pinheiros do caminho,
direções do sagrado,
entronam a mais humilde verticalidade.

Através do tempo,
seus troncos revelam
o sublime amor dos pioneiros
do movimento sagrado.

Representações do infinito,
seus galhos balançam
com verdadeira humildade.

Vida


A árvore da Vida
reflete nitidamente
o palco das fases da existência.

De modo imperceptível,
apoiam-se lagartas
que resplandecerão
em forma de borboletas e mariposas,
segundo a necessidade do fluir infinito.

Oh! Majestosa árvore da Vida!
Cresça infinitamente!
Como um catavento,
estabeleça a multidireção
de seu honroso propósito.


O todo e um

Dimensões humanas,
expansões,
cada um consigo.
Individual,
composto,
a soma do todo
e a contiguidade comum. 

Raízes



Através do lume alaranjado
presente no pavio da vela,
reconheço a serenidade
e o zelo dos meus ancestrais.

Quantas coisas facejaram
quando estiveram ligados
aos simples fios da carne?  
Quantos desígnios encaram
após suplantarem a matéria?

Através do lume alaranjado
vivencio o amor dos meus antepassados.
Vivo a ternura que eles me legaram
desde o costurar do elo com a matéria.

Vivências


As vezes eu convido a chuva para entrar,
sentar e conversar um pouco.
O diálogo não é longo,
mas logo sinto
a calma e a purificação que ela nos traz.

Por mais denso que seja o céu,
por mais carregados que estejam
os algodoes do infinito,
por mais estrondos que escutemos,
sua verdadeira essência é leve e calma.

Receba, dance, cante, pule, mergulhe,
deixe que a água despenque sobre seu rosto.

Encanto


O colóquio crê
que a estrela tenha brilhado.
Estaria radiante no céu?
Teria transbordado e dominado
todos os ângulos do universo?

O infante insistiu,
o amor vibrou tão forte
que pela primeira vez
o Sol deferiu.

A estrela não só brilhou,
mas reluziu com a pedra áurea
que encontrou e contemplou.

E a Lua ecoou,
com seu manto abraçou,
com sua ternura abençoou,
aqueles que com esmero cuidou.

Amistosos olhares

Olhares vazios,
aqueles que não são levados
pela simples consciência humana
ou não poderiam ser.

São castanhos, mas são forçados
a refletirem o incolor.
Brilham, mas são enturvecidos
através da descrença.
Apegam-se, mas o nó é desfeito
como se o elo não resistisse.

Olhares vazios,
aqueles puros que devem ser levados
como inocentes e cordiais.
Aqueles que parecem ser entrelaçados
com um fino fio de lã,
são convalidados pela razão do universo.


Aspiração

Sonho, tenho um desafio.
Que não seja apenas um fio,
que não seja tão curto como o pavio
de velas de aniversário.

Sonho, tenho um pedido.
Que minha reflexão tenha sentido,
que tudo o que eu tenha vivido
seja polido.

Sonho, que você nunca passe despercebido.

Passagem

Entremeando os eucaliptos,
histórias viscosas perpassam
diante de uma memória pontual.

Não significam só pontos de
idas e vindas,
mas pontos que se entronizam
e que abraçam os caminhos de gerações.

As grandiosas árvores não seguram
as nossas emoções,
suas folhas condensam
o imperceptível.

Que nosso caminhar seja eternizado.

Confluências

Há uma vastidão de mundos
em um mesmo mundo.
São mundos que se apegam,
mundos que convergem,
mundos que colidem por aí,
mas o choque é manso.

Alguns deles não se esbarram,
imediatamente.
Alguns deles obedecem ao tempo
soberano.

E quando as linhas encontram-se acrômicas,
quando o fio da espera está perdendo
seus últimos pontos de contato,
o elo retoma sua força
e a elevada convergência sucede.

Manifesto

Literalmente
faz-se humano,
humanamente
crescem os gestos.

Elevado às ideias?
Proclamado
com amor
ou aclamado
insipiente?

Na vanguarda
o pensador,
velado
o passado.

Humanidade, existência

Intenso incêndio,
algo intrínseco,
surge cotidianamente.

Sim, é a voz do amor puro.
Amor que não pode
simplesmente ser vermelho,
pois pode brotar
até mesmo incolor.

É um amor que pulsa
e que deveria ser liberado,
como a água que sai da torneira
quando permite-se que ela seja escoada.

Deveriam perceber,
deveriam deixar a água
romper as barreiras intangíveis.

Todos somos um.

Porvir

Abraço-me interiormente,
acomodo-me no canto
das possibilidades,
como um tenro broto no jardim.

Ergo a minha face,
quando escuto
os sussurros
do meu vasto destino.

Eternamente
carregadas de mistério
voam incontidas mariposas.

O que anunciam?
O que revelam?
O que querem demonstrar? 
Talvez,
talvez o meu hemisfério.

- Fhosi

Reminiscências


Leia, pois isso é importante.

Converso contigo, através desses versos,
o que eu não consigo soltar pela boca
tão levemente.
O relógio é como um compasso,
instrumento rígido, simples e certeiro.
E através desse relógio, via o tempo correr,
enquanto eu era objeto de introspecção.
Quantos carros estariam andando nas ruas?
Quantas pessoas viajavam, amavam ou
simplesmente caminhavam?  
Quantas risadas, quantas alegrias?
Essas perguntas percorriam meu interior,
quando minhas raízes estavam engendrando
seus primeiros contatos com o solo.

Leia, pois isso é importante.

No silêncio da noite,
o cantar dos pneus e os ruídos dos carros
e caminhões eram como canções de ninar.
Os gritos do trem traduziam certa efemeridade.
Havia uma trilha sonora:
a melodia dos grilos evocava sensibilidade.
Os ponteiros do relógio proseavam comigo.

Interiorize, pois isso é importante.

Distância


O meu silêncio se justifica,
o meu olhar revela,
o meu andar decifra,
o meu sentimento eleva.

A leve sensação que paira no ar
é resultado do inconsciente,
faz meu âmago celebrar
e arrebata o coração tão levemente.

Fhosi

Mensagem

Deixem-me escrever
como uma criança inocente.
Deixem-me voar
com a infinitude dos meus sentimentos.

Interiormente estou aceso,
confortado e instigado,
amoroso e transfigurado.

Interior,
o amor é puro
e a fraternidade é cordial.

                               Fhosi

Fluidez

Algum dia a água trouxe.
Ela refletiu certos sonhos
da minha duradoura infância.

Quando eu era um broto,
eternizei mil pensamentos,
cristalinos e puros,
azuis e áureos,
singelos e infindáveis.

Meu abundante oceano!
A fina água que caía na minha face,
jorrava silenciosa e demonstrava
os meus verdadeiros devaneios:
a felicidade e a fraternidade.


Algum dia a água poderá levar.

                                         Fhosi
                               

Interior

A Vida coloriu com verde
onde colori com azul.
Sedento de felicidade,
sigo nos jardins da esperança.

Ei, ser vivo, não corra,
ande calmamente e preste atenção
nas águas do seu destino.
É feliz aquele que transforma.

Rio, o rio que ria,
feliz por conhecer a liberdade
que emana infinitamente
do seu próprio interior.

Diálogo com a Vida

Eu vivo
no meu silêncio
justificável.
Converso comigo mesmo,
também com as palavras.

Meu diálogo também
encontra seu próprio refúgio.

Não é difícil, é engenhoso,
seguro e promissor.

Sou feliz,
pois permito que eu renasça,
renasça a cada segundo
que não existe.

O tempo não existe.

Palavras

Pelas palavras,
simplesmente pelas palavras
alcanço meu universo interior.

É azul, é branco ou é incolor?
Simplesmente pelas palavras.

Pelas palavras,
viajo acompanhado e feliz,
sinto o coração da alma
que começa a bater mais forte.

Simples refúgio.
Incrivelmente pelas palavras.  

Mamoeiro

Meu mamoeiro de jardim,
abaixo do céu cresce sereno,
sem um destino, sem um fim.

Sozinho, resoluto,
irreconhecível.

Eis que pousa uma ave a cantar,
sob a leve chuva que cruza
seu suave destino.

Acompanhado, resoluto,
irreconhecível.

Os galhos verdes do mamoeiro,
de repente pairam no ar,
numa simples tarde de domingo.

Cotidianamente

Na presença do cotidiano,
um presente caminhou
sorrateiramente até mim.

Sim, ele estava acompanhado.
Através das minhas pupilas
avistei um anjo, uma criança.

Diante de mim, avistei
minha própria face.
Abarquei com amor puro
nosso espelho da alma.

Germinação

Vejo-me nos olhos de uma criança,
infância querida.
Brandamente como a neblina,
aproximam-se da memória
os doces sonhos do pequeno broto.

Apesar das pequeninas folhas,
descobri minha essência,
frutifiquei-me e passei a enxergar
o florescer das outras mudas.

Senti o pingo de água que caiu
sobre a minha serena face.

                         Fernando Hosi

O ser liberto

As experiências são efêmeras,
pois vejo-me eternamente livre
no espelho da sensibilidade.

O simples cordão acrômico
não tinha nós, não era curto,
nem espesso, não existia.

Liberdade, tu és sensível,
constante e complacente.
A ternura nunca perdi.

              Fernando Hosi

Eternidade

Maravilhoso céu do lago azul,
oceano grandioso da Vida.
Cachoeira da virtude,
dela jorram águas cristalinas
que transfiguram a matéria.

Neste rio pode ser vista
a essência da totalidade.
Eu sou gota, nós somos oceano.
Através da unidade da Vida,
navegamos na plenitude.

                           Fernando Hosi

Natureza

Estou tourando a essência desse olhar,
olhar que afaga a alma e a arrebenta.
Princípio da criação, sublime natural
não estonteia o coração humano.

O coração nem tão avermelhado,
desfigura-se em líquido acrômico,
apunhalado pelo ser consubstancial
não se dá conta da frutificação Do Onipotente.

                                                   Fernando Hosi

Puerícia

A roda e a meia volta estão presentes,
eternamente criança a nossa existência.
Caminhos na calçada formam bosques,
os caminhos no coração lembram inocência.

Sempre refleti, eternamente pensativo.
O que eu poderia esperar do mundo?
O que o mundo espera de mim?
A porta foi aberta e o plácido surgiu.

                                           Fernando Hosi

Divagando

Vento, dança do ar,
as vezes precisamos refrescar,
confiar e almejar o lençol azul.

Brilhe, ilumine-me.
Mas não enxugue meu olhar molhado,
molhado de tanto explorá-la.

Confiável e perspicaz natureza!
Saiba que eu sigo os seus passos
e eu sei que você percorre minhas veias.

                                         Fernando Hosi

Existência

Entre criança,
venha andar.
Volte,espere.

Envolva-se, sinta.
Dance, dance
e não pare mais.
Espere, sinta.

Há uma música,
há um caminho.
Há uma escolha,
há um teatro da Vida.

São distorcidos fenômenos.
Ouça, é a Vida!
Venha, venha sem hesitar.

                    Fernando Hosi

Caminhar

Caminhava pela estrada
da felicidade,
cheguei a um porto
e encontrei um cais

Eis a imensidão,
irmã, mãe e filha
da tão amada
bem-aventurança.

Eis-me aqui!
O que queres de mim?

A humanidade.

            Fernando Hosi

Áureo

Amarelo,
manhãzinha.
Abarquei meu rosto,
com a água da imensidão.

Vi, senti e transfigurei-me.

Amarelo manhãzinha,
estou vivificado.

                  Fernando Hosi

Continuidade

Espaços contínuos e descontínuos
transparecem a aura do cerne humano.
Efêmeros são,
eternos corpúsculos,
corpúsculos transfigurados
tomam forma,
como tez do discernimento humano.

Sois eterno.
Imensurável,
sois.
                                    Fernando Hosi

Lembranças

Que eu seja,
todo dia,
a cada dia
o mesmo ser que vislumbrou
o seu rosto inocente,
inocentemente.

Da pupila, vejo alma eterna,
transparece o seu ser.
São chuviscos, chuvisquinhos,
pingos de tinta,
degradê matizado.
                         Fernando Hosi

Reflexão empírica

Neste gomo da laranja,
vejo a imensidão
das relações sociais.
Aquelas que representam a harmonia
do interior frutificado.

Alma de poeta,
corpo material.
O poeta transfigura-se

                                    Fernando Hosi